Post by Kathrin Täufer on Jul 1, 2012 16:13:41 GMT -3
Conforme post aqui.
Algo de vital importância para compreender (ou tentar compreender) não apenas a obra de Till Lindemann como liricista e poeta, mas o próprio ser humano Till Lindemann é conhecer o fato - que invariavelmente causa espanto - de que ele se considera feio. Daí dá para ter um ponto de partida de o que move a arte e a eterna busca, ainda infrutífera, de Lindemann pelo que ele parece mais necessitar:
A resposta “A todo custo” pode soar um tanto dramática, mas tanto explica como é explicada em vários aspectos da sua obra, e por que não dizer, da sua vida repleta de desastres amorosos.
Evidentemente é um assunto por demais complexo (links serão feitos a futuros posts pois somente com hipertexto seria possível ligar cada aspecto dessa trama intrincada que forma a imagem de quem, afinal, é Till Lindemann) para ser reduzido à afirmação aparentemente trivial de que “ele se considera feio”. Mas o problema para a compreensão da obra e vida de Lindemann é justamente a trivialização ou o desconhecimento sobre seus terríveis problemas de auto-estima, bem ilustrados no poema “Hässlich”, contido na coletânea “Messer”, organizada por Gert Hof, pirotecnista e amigo de longa data de Till, editado em 2002 pela editora Eichborn:
Podemos perceber um Till muito jovem, decerto ainda virgem (o que é sugerido por “No mar da minha carne cheia de desejo / Nenhum barco ainda navegou”, uma provável metáfora pelo fato de jamais ter sido sexualmente tocado por uma moça), já aflito pelo fato de seu rosto não ser belo como gostaria que fosse.
Por que ele se via e ainda se vê assim é assunto a ser devidamente destrinchado em vários outros posts, mas pode-se adiantar que é a soma de vários fatores:
…para citar os mais marcantes.
Tudo isso vem a compor o retrato (ainda que distorcido) de como Lindemann enxerga a própria face, e ajuda a dar uma primeira ideia, ainda que superficial, de como isso se desdobra por toda a extensão de sua produção artístico-literária e de sua biografia.
Algo de vital importância para compreender (ou tentar compreender) não apenas a obra de Till Lindemann como liricista e poeta, mas o próprio ser humano Till Lindemann é conhecer o fato - que invariavelmente causa espanto - de que ele se considera feio. Daí dá para ter um ponto de partida de o que move a arte e a eterna busca, ainda infrutífera, de Lindemann pelo que ele parece mais necessitar:
Playboy: Você quer ser amado?
Lindemann: A todo custo. Quem diz “não” está mentindo.
(Entrevista para a Playboy Alemã, Janeiro de 2006)
A resposta “A todo custo” pode soar um tanto dramática, mas tanto explica como é explicada em vários aspectos da sua obra, e por que não dizer, da sua vida repleta de desastres amorosos.
Evidentemente é um assunto por demais complexo (links serão feitos a futuros posts pois somente com hipertexto seria possível ligar cada aspecto dessa trama intrincada que forma a imagem de quem, afinal, é Till Lindemann) para ser reduzido à afirmação aparentemente trivial de que “ele se considera feio”. Mas o problema para a compreensão da obra e vida de Lindemann é justamente a trivialização ou o desconhecimento sobre seus terríveis problemas de auto-estima, bem ilustrados no poema “Hässlich”, contido na coletânea “Messer”, organizada por Gert Hof, pirotecnista e amigo de longa data de Till, editado em 2002 pela editora Eichborn:
Feio
Oh, ninguém pode ver
que debaixo de meu rosto feio
bate um coração belo?
Oh dor, leve minha fúria selvagem
Pois no mar da minha carne repleta de desejo
Nenhum barco ainda navegou
Oh Deus, toque-me!
Cuspa sua cascata divina
Sobre meu rosto amaldiçoado
Desta maneira eu rezaria a ti
Oh Deus, faça-me belo!
Eu untaria a Bíblia e lamberia as moscas na cruz
Fazendo um banquete nos dejetos dos anjos
Eu entregaria minha alma a ti
Por uma pequena bênção sobre meu semblante
Para que eu o possa usar para minha luxúria
Para que eu possa seduzir as encantadas
E adoráveis ninfas
Que olham apenas para seus semelhantes
Me conceda isso - e me perdoe, porque
- isso é tudo que quero.
Podemos perceber um Till muito jovem, decerto ainda virgem (o que é sugerido por “No mar da minha carne cheia de desejo / Nenhum barco ainda navegou”, uma provável metáfora pelo fato de jamais ter sido sexualmente tocado por uma moça), já aflito pelo fato de seu rosto não ser belo como gostaria que fosse.
Por que ele se via e ainda se vê assim é assunto a ser devidamente destrinchado em vários outros posts, mas pode-se adiantar que é a soma de vários fatores:
- doenças de pele que marcaram severamente seu rosto;
- rejeição por parte dos colegas de escola;
- sua origem camponesa (em oposição a “aristocrática”) refletida em seus traços faciais rústicos (pouco desejáveis em seu país de origem);
- um pai sem o menor tato para lidar com um jovem Till já fragilizado por seus problemas de autoestima
…para citar os mais marcantes.
Tudo isso vem a compor o retrato (ainda que distorcido) de como Lindemann enxerga a própria face, e ajuda a dar uma primeira ideia, ainda que superficial, de como isso se desdobra por toda a extensão de sua produção artístico-literária e de sua biografia.